Esqueçendo-me de mim

Meu deposito de ilusões esta vazio, será que esta seria a vida sem mistificações citada por Carlos Drummond de Andrade onde  os ombros suportam o mundo? Não sei dizer, talvez os meus  lápis de cor já estejam gastos por tentar amenizar as dores da vida ou se dela já desapontados foram  assim como eu. Meus sonhos já foram arquivados por não servirem mais, dizem alguns que estão dormindo mas nisto não acredito pois mortos não falam, mas estes assim vem me incomodar, dizendo que sou o o que deveria ser. Vozes, vozes, loucura! Por que não se calam, benditos sonhos, não quero sonha-los. Minha caixa de arquivo, meu quarto de tortura, minha prisão sem portas , nem janelas , estou a bailar comigo mesmo, danço musicas de coisas que nunca vivi.

Gostaria de cair de muito alto, deleitar-me dos meus poucos segundos de vida, deitar-me sobre o meu liquido mais cobiçado por aqueles que tiram minha paz diariamente ou deitar-me-ia nas lembranças daqueles que um dia disseram me amar mas por mim nada fizeram, pedir colo a aqueles que já se foram. Ó doce e fascinante melancolia, vives aqui em mim como se para os outros não existisse, tu desenhas minha face e alimenta minha alma. Na vida pouco me resta assim com também pouco eu busco,talvez a Deus, o meu não existir e o "me esquece" e este ultimo me define. São tantos gritos, meu Jesus, será que no inferno é assim??? Agonia que se mistura a tantas vozes e medos.Prefiro a solidão, minha velha conhecida, pode se dizer que já é de casa, né amiga? Seu jeito quieto, tão tranquilo  meio que me conforta, meio que me completa, não tenho medo de você mas do que tenho eu de mim, afinal temos a Deus para  nos proteger de nós mesmos, né verdade??Ficarei então com o seu som mudo, seu sorriso amarelo, sua fria face, nossa, você também é tão sozinha solidão, mas não se preocupe mais, agora temos um ao outro, gostaria que isso fosse o suficiente, uma forma de dar um tempo, me abrace enquanto esqueço-me de mim.